Animais peçonhentos são aqueles que produzem toxinas, também chamadas de “veneno” ou possuem um aparelho inoculador, estrutura para transmitir o veneno para sua vítima, como as presas das serpentes, as quelíceras das aranhas e dos escorpiões e os ferrões das abelhas.
Os acidentes por animais peçonhentos estão entre as três principais causas de intoxicações em humanos, junto com as intoxicações por medicamentos e por agrotóxicos.
Acidentes por serpentes peçonhentas em animais domésticos apresentam uma alta incidência no Brasil, principalmente em áreas rurais. Os acidentes mais frequentes são por espécies do gênero Bothrops (cerca de 85%), seguido pelo gênero Crotalus (7–8%). Elas possuem fosseta loreal e dentição solenóglifa, ou seja, dentes inoculadores móveis e bem desenvolvidos. Algumas espécies bastante conhecidas do gênero Bothrops são as seguintes: jararaca, urutus e caiçaras. Elas agressivas e estão distribuídas por todo território e tem predileção por ambientes úmidos.
Os cães normalmente são picados no focinho, no pescoço e nos membros anteriores, enquanto os gatos são afetados principalmente nos membros anteriores. O veneno botrópico é uma mistura complexa de proteínas, com ação necrosante, hemorrágica, coagulante (formação de micro coágulos) e nefrotóxica (leva a insuficiência renal aguda).
Os sinais clínicos iniciais do acidente botrópico são apatia, prostração, aumento da frequência respiratória e inapetência. Logo as reações locais surgem, incluindo edema, hematoma, vesículas e hemorragias, com intensa sensibilidade dolorosa na região afetada.
A necrose se estabelece após algumas horas, a depender da gravidade.
Hemorragias são comuns na área da picada e em outros locais, como gengiva, urina (hematúria), genitais, nariz (epistaxe). Elas podem levar a hipotensão, hipotermia e choque hipovolêmico.Hemorragias nasais, na boca e na pele ocorrem nos casos mais severos.
Existe o risco de contaminação bacteriana no local da picada, com a formação de abscessos pela flora bacteriana bucal das serpentes, pela própria contaminação ambiental ou pela aplicação de substâncias inadequadas.
Em caso de acidente botrópico, o objetivo do tratamento é neutralizar a maior quantidade possível de veneno circulante. Para tanto, a soroterapia específica, com soro antibotrópico ou antibotrópico-crotálico, deve ser instituída o mais precocemente possível.
Procedimentos contraindicados, como o uso de torniquetes, a incisão no local, a sucção e o uso de produtos químicos, podem agravar o quadro clinico do animal acometido por um acidente botrópico.
É muito importante procurar atendimento médico veterinário, pois além do soro antibotrópico, o animal precisa receber tratamento de e, para aliviar dor, edema, inflamação e necrose no local da picada. Através de exames de laboratoriais é possível avaliar se teve dano renal e em casos mais graves, se é necessário transfusão de sangue.
O prognóstico do acidente botrópico depende da presença ou não de hemorragias, choque e IRA; ele é reservado quando essas complicações estão presentes. A precocidade do tratamento é fundamental para um bom prognóstico. A mortalidade geralmente é baixa.
