Historicamente, os estudos de doenças reprodutivas muitas vezes se concentraram em animais de produção, como bovinos e suínos. Devido ao aumento da população de cães e gatos, novos estudos estão sendo feitos para prevenir, diagnosticar e tratar as doenças reprodutivas, e as afecções de útero são as mais comuns na rotina clinica dos médicos veterinários de pequenos animais. São afecções que podem comprometer somente a fertilidade do animal e ando despercebidas ao tutor, até manifestações clínicas agudas, que podem conduzir à morte, como nos casos de piometra. Essas alterações, portanto, quando detectadas tardiamente, podem comprometer a vida dos animais, refletindo em perdas emocionais para seus proprietários ou tutores.
O prolapso uterino é uma rara complicação obstétrica diagnosticada durante ou após o trabalho de parto de cadelas e gatas. Caracteriza-se pela agem do útero pela vagina, acompanhado da eversão e protrusão da sua parede. Acomete tanto fêmeas primíparas como multíparas, podendo estar associado a distocias maternas ou fetais, acompanhadas de contrações uterinas intensas e enfraquecimento dos ligamentos de sustentação do útero e dos ovários. Neste caso a indicação de tratamento é cirurgia para remoção de ovários e útero.
A ruptura do útero em cadelas e gatas é uma condição aguda, com risco à vida observado no final da gestação ou durante o parto, e aparece mais comumente como resultado de distocia. Trata-se de um diagnóstico raro na rotina clínica de cadelas e gatas. O sinal clínico de ruptura uterina varia individualmente: distensão abdominal e dor, corrimento vaginal, desidratação, hipotermia e choque. O tratamento consiste em cirurgia para remoção de ovários e útero, e na istração de soro e antibiótico.
O complexo hiperplasia endometrial cística (HEC) ou piometra é a alteração mais comum, sendo caracterizada como um distúrbio de útero de caráter agudo e emergencial que pode resultar no óbito do animal acometido. Ocorre com frequência em fêmeas com idade reprodutiva, principalmente em idosas e fêmeas que nunca criaram.
A piometra caracteriza-se pela inflamação do útero com acúmulo de exsudatos, que constitui um excelente meio de cultura para o crescimento bacteriano. Os principais fatores predisponentes para formação de piometra, são a gravidez psicológica, ciclos irregulares, uso de contraceptivos (`vacinas anti- cio`), idade da fêmea e ausência de gestações anteriores.
Na piometra aberta a cérvix está relaxada, ocorre a drenagem de fluido intrauterino, os cornos uterinos permanecem com diâmetro diminuído, paredes espessas e pouco conteúdo líquido. Já na piometra fechada, a cérvix está contraída, os cornos uterinos estão distendidos e com conteúdo fluido e purulento.
Os sinais clínicos associados à piometra são variáveis. Pode ocorrer corrimento na vulva (na piometra aberta), anorexia, apatia, vômito, perda de peso, aumento da ingestão de água, distenção abdominal, aumento ou diminuição da temperatura corpórea, nos casos mais graves choque e coma.
Para chegar ao diagnostico, é preciso analisar o histórico e sinais clínicos da paciente, também é importante realizar exames de sangue (hemograma e bioquímicos), além de ultrassom abdominal, para escolha da conduta, que pode ser conservadora ou cirúrgica (remoção dos ovários e útero). A conduta cirúrgica, mostra-se mais eficaz, juntamente com tratamento com antibióticos e soroterapia
As afecções do útero podem ser evitadas com a castração das fêmeas ainda jovens, visto que a principal afecção que acomete as fêmeas é a piometra, cujos os sinais clínicos podem ar desapercebido pelo tutor, e podem levar o animal a óbito de forma aguda.
Por: Vanessa Barcarolo
Vida com Patas Clínica Veterinária
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*Coluna ‘Cuidados com Pets’, publicada no Jornal O Celeiro, Edição 1866 de 20 de fevereiro de 2025.