No território nacional, as serpentes mais envolvidas nos acidentes com seres humanos são as do gênero Bothrops, conhecidas popularmente como jararacas ou urutu. Em segundo lugar, assumem destaque as serpentes do gênero Crotalus, conhecidas popularmente como cascavéis. As serpentes do gênero Lachesis, conhecidas popularmente como surucucus, participam da menor frequência dos acidentes ofídicos e estão localizadas nas regiões de resquícios de mata atlântica e floresta amazônica.
Uma característica que favorece a inoculação do veneno das serpentes peçonhentas é o seu tipo de dentição. Animais que apresentam dentição solenóglifa, apresenta um sulco mais desenvolvido dentro da presa, por onde flui o veneno, que é o caso das jararacas, cascavéis e surucucus pico -de -jaca. As cobras corais verdadeiras também apresentam sulco desenvolvidos, porém a dentição é proteróglifa.
O veneno das serpentes do gênero Bothrops é o mais complexo de todos os venenos, é constituído por enzimas, proteínas e peptídeos, responsáveis pelas ações proteolítica, hemorrágica e anticoagulante.Os sinais clínicos locais decorrentes de envenenamento botrópico, são edema (inchaço), dor, mionecrose, mancha avermelhada/hemorragia.
O único tratamento para o envenenamento botrópico é a istração de soro específico antiveneno, que neutraliza os efeitos sistêmicos. Contudo, não ocorre a neutralização dos danos teciduais locais de forma adequada, o que não dispensa os cuidados emergenciais, de e e terapia intensiva caso sejam necessários.
É importante enfatizar que nem todo cão ou gato ficará com seu estado clínico grave. Nos acidentes causados por filhotes de serpentes Bothrops, predominam as alterações de coagulação, ao o que, nos acidentes por animais adultos, podem predominar os efeitos tóxicos no local da inoculação do veneno.
Apesar do tratamento específico ser a utilização do soro antiofídico que neutralize as toxinas do veneno botrópico é indispensável o atendimento clinico por médico veterinário, para avaliar os efeitos locais e sistêmicos, a necessidade de uso de analgésicos, antibióticos e fluidoterapia. Os exames laboratoriais e de imagem também são uteis, possibilitando visualização de hemorragias e a mensuração de parâmetros de coagulação e hemostasia, possibilitando determinar o prognóstico do paciente. Deve ser ressaltado que o tratamento de e com qualidade pode fazer o diferencial no desfecho clínico.
Existe muitos mitos do que fazer quando um animal leva uma picada de cobra, tratamentos alternativos baseados em crenças populares podem por em risco a vida dos animais. O mais conhecido é o torniquete no local da picada, com pbjetivo de não espalhar o veneno, mas que acaba aumentando as chances de necrose e até de amputação do membro. Os cortes no local da picada também não eficiente para eliminar o veneno além de aumentar as chances de hemorragias.
A ocorrência de acidentes ofídicos está relacionada a fatores climáticos e aumento de atividade humana nos trabalhos do campo. Na região sul observa-se aumento de acidentes no período de setembro a março. Para prevenir acidentes ofídicos é importante ter cuidado redobrado ao andar no meio da mata com seu cão, manter quintal e lotes limpos também evita ratos e insetos que sevem de alimento para as cobras.
Por: Vanessa Barcarolo
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*Coluna, ‘Cuidados com Pets’, publicada no Jornal O Celeiro, Edição 1821 de 21 de março de 2024.