Não é novidade para ninguém que o homem percebeu há bom tempo que os recursos ambientais não eram inesgotáveis, dando valor ao patrimônio social, que nada mais é que a garantia da própria existência, ou seja, a preservação da sua vida está intimamente ligada a preservação do meio ambiente e vice-versa.
Também, agora não muito distante, superou a ideologia do Estado “pai de todos”, culpando o governo por tudo. Já temos a clara convicção que devemos pensar coletivamente, como vem ocorrendo com a pandemia do covid-19, conhecido ator principal, coronavírus.
Razão pela qual daqui para frente devemos ter a clara definição de que isso poderá ocorrer novamente, ou seja, outra qualquer praga, através de outro tipo viral, se não estivermos atentos a preservação da vida, especialmente a nossa, dos seres humanos, tentando evitar ações invasoras – que possam estar sendo carregadas (hospedeiros) por espécies de animais, diante da nossa crescente urbanização.
Daqui em diante, tomo a liberdade de indicar leitura da recente matéria – publicada em 18 de março (ação humana contra o meio ambiente causou a pandemia do coronavírus) em que o pesquisador Allan Carlos Pscheidt, doutor em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente e professor das Faculdades Metropolitanas Unidas, em São Paulo, responde e aponta que isso poderá ocorrer novamente.
Afirma o ilustre professor: “O organismo que causa a covid-19 está há tempos no meio ambiente, provavelmente alojado em morcegos nativos de cavernas intocadas. Com a crescente urbanização e consequente invasão humana, porém, o vírus quebrou seu ciclo natural e alcançou outros seres, como o homem, cujo organismo ainda não está preparado para combatê-lo.”
Pscheidt alerta que, em um mundo interligado como o que vivemos hoje, epidemias virais devem se tornar cada vez mais comuns. Para ele, se não evoluirmos para uma sociedade mais consciente, teremos sérios problemas.
Na edição de Leandro Melito (Brasil de Fato), o pesquisador alerta que: “O coronavírus dá várias mensagens para a gente. Dá a mensagem do quanto somos uma comunidade global. A nossa espécie, hoje, é uma comunidade global. Temos que derrubar alguns conceitos de limites geográficos e começar a pensar em um conceito planetário. O coronavírus também traz uma mensagem sobre o quanto temos que ter ações rápidas de contenção. Cada vez vai ser mais normal um vírus ou uma bactéria causar um surto.”
Portanto, podemos concluir, logicamente, que não há que se condenar toda a interferência do homem no meio ambiente, pois muitas vezes também necessária para o crescimento humano, contudo, a fala do pesquisador, conhecedor do assunto, dá o alerta. Sem nenhuma ressalva por mim, profissional do direito, da mesma forma que não poderia colocar em dúvida o que os mais autorizados especialistas da saúde do Brasil e do Mundo afirmam sobre a gravidade com o coronavírus. Busquemos o equilíbrio entre o cuidado e a vida que segue.
Por: Fabrício Carvalho
Especialista em Direito Ambiental
Advogado – OAB/SC 15.269
*Coluna ‘Direito Ambiental’, publicada no jornal ‘O Celeiro’, Edição 1620 de 02 de abril de 2020.