Idealizada em 12 de Outubro de 1977 em Campos Novos pelo então Pároco da Paróquia São João Batista, Padre João Granzotto, a Romaria de Nossa Senhora Aparecida em Campos Novos completa 40 anos em 2017 e se transformou numa das maiores demonstrações de fé já vivenciadas na mãe de Jesus. A partir da última edição, em 14 de setembro, nossos leitores acompanham relatos da história dessa peregrinação.
Um ano especial de celebrações em honra a Nossa Senhora Aparecida. No ano em que celebramos 40 anos da Romaria em Campos Novos, também são celebrados os 300 anos da devoção a Nossa Senhora Aparecida. Em comemoração à data, o Santuário Nacional de Aparecida promove o Jubileu “300 anos de bênçãos”, projeto com uma programação devocional e obras de fé para o grandioso tricentenário. A mesma proposta é a temática principal da 40ª Romaria em Campos Novos.
No Bairro Aparecida, conta Padre João Granzotto no livreto “Os Três tesouros do Santuário de Campos Novos – SC”, havia um salão dedicado a Nossa Senhora Aparecida. Nele, todos os domingos, às 17hs, era celebrada uma missa. A devoção ia crescendo sempre mais e o salão se tornava pequeno. Percebendo isso Padre João lançou a ideia de construir um santuário a um grupo de colaboradores mais “achegados”, sendo aprovada. Entre os

colaboradores estava Antonio Agostini que assumiu a causa e se tornou um importante colaborador, tomando a dianteira de todas as iniciativas.
Sobre a construção do antigo Santuário, nossa reportagem conversou com Antonio de Souza, que foi o pedreiro que trabalhou nesta obra. Ele nos recebeu em seu local de trabalho para este relato. “Foi batalhado, a primeira parte era pequena, já que não havia muito dinheiro, foi iniciada a obra e futuramente foi concluída. Foi essa construção que abrigou a primeira romaria, que foi uma grande surpresa, ninguém imaginava que seria tão grande como foi, numa iniciativa do Padre João Granzotto. Pra nós que construímos lá foi uma grande surpresa, nunca nem imaginamos que iria comparecer tanta gente”, contou Seu Antonio, que na época tinha 23 anos de idade. Como carpinteiro na obra trabalhou Máximo Ronsani (In Memorian).
Antonio de Souza relata também que onde está hoje localizado o Salão do Romeiro havia a Capela do Bairro Aparecida, em madeira, que posteriormente foi demolida. Na oportunidade da reportagem compartilhamos também uma graça alcançada por Seu Antonio pela interseção de Nossa Senhora Aparecida. “É uma história que seria um milagre que eu nunca relatei. Em 2001 eu estava numa pior, fui numa missa no Santuário numa quinta-feira à tarde e eu senti Nossa Senhora Aparecida e daquele dia em diante minha vida se transformou, mudou para melhor. Eu tenho uma fé muito grande em Nossa Senhora. Eu me sinto gratificado por ter participado da história trabalhando na construção do Santuário”. O antigo Santuário foi inaugurado com a realização da primeira romaria.
Busca da réplica da imagem em Aparecida do Norte

A romaria foi Idealizada pelo PadreA romaria foi Idealizada pelo Padre João Granzotto na época pároco da Paróquia São João Batista, em 1977. Neste mesmo ano com grupo de 32 pessoas, Padre João foi até o Santuário Nacional em Aparecida (SP) buscar a réplica da imagem de Nossa Senhora Aparecida. Muitos deste grupo já estão falecidos. Entre os que se deslocaram à Aparecida do Norte, estava Helena Agostini de Almeida, na época com 14 anos de idade. Helena relata que o ônibus contratado não tinha banheiro e a hospedagem em Aparecida do Norte, acabou se dividindo em dois hotéis. O grupo viajou como romeiros na expectativa de trazer a réplica da imagem de Nossa Senhora para Campos Novos. “Nós fomos como romeiros na simplicidade, num ônibus sem toalete, eu ainda adolescente fui para conhecer, ear, claro que o pano de fundo era a devoção a Nossa Senhora, fui eu, o irmão Marcos, o pai Antonio e a mãe Maria. A alegria era muito grande de estar perto de Nossa Senhora, a mãe de Jesus, não com tanta maturidade, mas conhecendo já a devoção. Fomos rezando durante toda a viagem, animados pela Tia Anita e Padre João Granzotto. Fomos mesmo como romeiros”, relatou Helena

Na época o Santuário Novo em Aparecida do Norte estava em construção e o grupo de romeiros de Campos Novos permaneceu na Catedral antiga, onde no dia 05 de novembro de 1977, foram feitas as orações, as bênçãos e o envio da réplica da imagem de Nossa Senhora. “Permanecemos na Catedral antiga, conhecemos a arela e eu lembro da missa, das palavras do Padre de lá fazendo o envio da imagem que vinha para Campos Novos, um outro canto do Brasil, trazendo esta devoção por meio deste gesto de irmos em romaria buscar essa réplica que se encontra até hoje no Santuário”.
Para Helena, hoje, o sentimento é de privilégio. “Nunca imaginei que essa devoção se transformasse na grandiosidade que é hoje a Romaria em Campos Novos. Nada explica a não ser o amor e a devoção à mãe de Jesus, que escolheu visitar o Brasil desta forma, negra, que veio em socorro do povo que na época em 1717 ava por um momento tão difícil. Eu me sinto privilegiada de ter estado lá em 1977 participando de um dos primeiros momentos que culminou com a grandiosidade que é a romaria hoje. Nossa Senhora me abençoou, é importante rememorar toda esta história”.
A primeira romaria em hora a Nossa Senhora Aparecida em Campos Novos foi celebrada num domingo, em 15 de outubro de 1978, animada pelo Padre João Granzotto por meio de um megafone portátil, reunindo mais de mil fiéis. Na época o feriado de 12 de outubro ainda não existia, ando a feriado móvel partir de 1980, comemorado no domingo mais próximo à data.
Desde a sua primeira edição, a romaria em Campos Novos cresce a cada ano em número de fiéis, sendo declarada estadual. Na próxima edição acompanhe novos relatos neste espaço “Aparecida em fé! 40 anos”.
*Reportagem publicada no jornal “O Celeiro”, Edição 1496 de 14 de Setembro de 2017.