Hoje, quinta-feira, 15 de outubro, é comemorado o Dia do Professor, data em que se homenageiam os responsáveis pelo desenvolvimento da educação e pela aplicação do conhecimento no país, abrangendo um grande número de profissionais que trabalham desde a educação infantil até o ensino superior universitário.
Uma das profissões mais importantes no mundo, afinal, sem ela, a transmissão de conhecimento e a sua correta apropriação pelas pessoas, seriam praticamente impossíveis.
Ser professor não é tarefa simples, requer dedicação, planejamento e, sobretudo, tempo e paciência para colher os frutos e começar a enxergar resultados. E para chegar a estes resultados, o profissional depende ainda de inúmeras questões, como o sistema de ensino, a infraestrutura física das instituições, além de ações de formação continuada.
Da música para a filosofia, o professor Cleyton Luiz Silva que atua há quatro anos na profissão, já ou pela Escola Henrique Rupp Júnior, e agora leciona na Escola Paulo Blasi. “Não foi exatamente uma escolha como professor, eu fiz filosofia por gostar da área, no início eu tinha um interesse muito grande por música, mas não havia viabilidade na questão profissional. Então o que mais foi atrativo pra mim na área de humanas foi filosofia. Comecei a trabalhar e então percebi que só fazia sentido fazer filosofia se fosse aplicada”, afirmou Cleyton, que vê na sua profissão uma troca de experiências e conhecimento com o aluno, fazendo um “compartilhamento de ideias”, resumiu.
Para Cleyton ser professor no Brasil, é um desafio social. “O desafio do professor na verdade é um desafio social. Hoje há cada vez mais uma descentralização do conhecimento. Então se você vai trabalhar com informática, você tem que entender de computador, por exemplo. Muitas vezes você pega um aluno do ensino médio que já sabe exatamente seu direcionamento, o que ele quer. E como isso é muito precoce, a gente está tentando dar papinha para quem já quer comer carne, ou seja, é difícil você fazer ele se interessar pelo básico se ele já quer o mais avançado”, declarou.
A culpa não é do professor, afirmou ainda professor Cleyton, mas um erro do sistema, disse ele, considerando que a escola oferece hoje o que oferecia há 50 anos e os alunos não são os mesmos de 50 anos atrás. “De certa forma hoje a globalização e a evolução tecnológica já estão levando a sociedade para um lado diferente e a educação deve ser reavaliada”, defendeu.
Quanto à valorização, o professor de filosofia entende que antes do profissional se preocupar com remuneração, deve ar de professor para mestre. “Se o interesse for puramente financeiro, a minha recomendação é que vá procurar outro emprego. Isso não significa que quem está na área de pedagogia não deva lutar por melhores condições salariais, mas não deve ser a prioridade. Quem pretende seguir uma carreira na área do magistério, tem que estar ciente que estará entrando numa guerra que vai durar muito tempo na questão financeira”, afirmou o educador.
Cleyton Luiz Silva considerou ainda que o papel do professor é o de transmitir conhecimento técnico e científico, avaliando que a formação ética e de valores deve partir da família.
O que mudou em 30 anos
Para a professora Terezinha Pinheiro, que exerce a profissão de professora há 32 anos, não há como desconsiderar as mudanças no perfil dos alunos nestas três décadas. Com formação em séries iniciais, Professora Terezinha já trabalhou com todas as turmas do ensino fundamental e também com o ensino médio, com atuação na Escola Major Cipriano Rodrigues de Almeida de Zortéa e atualmente na Escola Paulo Blasi.
A educadora entende que hoje o professor precisa se adequar à chamada Geração da Tecnologia. “As crianças chegam hoje na escola com uma bagagem bem maior, com outra visão, diferente daqueles primeiros alunos que a gente alfabetizou, ajudou eles a construir o conhecimento. Hoje eles já chegam apresentando para você outros desafios. E isso faz a diferença na sala de aula e nem todos os professores acompanham esta evolução. Eu tenho 32 anos de sala de aula e eu preciso correr atrás sempre, tenho que me adequar e me capacitar”, declarou a professora.
Outra mudança apontada pela professora é que as crianças estão indo para as creches cada vez mais cedo, sendo praticamente criadas dentro da escola. “As crianças hoje elas são praticamente criadas dentro da escola, desde as creches, educação infantil e vindo para o ensino regular. Então quando a gente faz algumas críticas que o aluno não está se alfabetizando, estamos criticando a nós mesmos, porque somos nós que criamos estes alunos desta geração. Quem tem que se adequar a esta geração somos nós”, enfatizou.
Quanto ao sistema, professora Terezinha avalia que há um grande atraso e que até hoje os nove anos do ensino fundamental, ainda não foram totalmente compreendidos pelos pais. Já o ensino integral depende ainda de estrutura adequada, avaliou. “Eles falam em escola em período integral, enquanto não houver estrutura para que favoreça o aprendizado do aluno, não se pode falar em ensino integral, nem para os pequenos da educação inicial, muito menos para o ensino médio. Porque então é um faz de conta que ensina e eles fazem de conta que aprendem. E escola não é depósito de crianças, jovens e adolescentes, eles estão aqui em busca de um novo conhecimento”, avaliou a educadora, observando que as mudanças são necessárias e imediatas.
Na valorização do profissional, Terezinha Pinheiro acredita que a criação do piso nacional do magistério foi um grande avanço, porém, muitos gestores não interpretaram a lei de forma adequada, considerou.
Sobre a decisão de ser professora, declarou que se espelhou em seus mestres, que para ela, sempre foram exemplos de vida.
- Esta reportagem está na edição impressa do Jornal O Celeiro.